Título: Dias perfeitos
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das letras
Páginas: 280
Ano: 2014
Nota do Skoob: 4.2
Gênero: Ficção / Literatura Brasileira / Suspense e Mistério/ Thriler Psicológico
"Quando um homem tem tanta vergonha de si mesmo e se vê desesperado, não restam muitos caminhos, Clarice. O suicídio é a única saída."
"Quando um homem tem tanta vergonha de si mesmo e se vê desesperado, não restam muitos caminhos, Clarice. O suicídio é a única saída."
Dias Perfeitos foi o segundo livro publicado por Raphael Montes, com apenas 24 anos. O livro foi traduzido para 22 países, além de fazer grande sucesso por aqui. Resumindo, é um dos melhores autores brasileiros em atividade.
O livro nos apresenta Téo, um jovem comum, introspectivo, calmo, quieto, que divide sua rotina entre cuidar da mãe cadeirante e dissecar cadáveres no laboratório de anatomia da faculdade de Medicina. Tudo isso muda no dia que ele conhece Clarice, uma jovem de personalidade forte que acaba despertando o interesse do rapaz. O problema é que esse interesse se torna obsessivo demais.
A trama se inicia sem delongas ou enrolações desnecessárias, uma das características que amo nesse autor. Outra marca de Raphael Montes, e já mencionada em outra resenha, é a trama ser toda ambientada no Rio de Janeiro, minha cidade natal. Dessa vez um dos lugares em que se passa a leitura é um dos meus preferidos, Teresópolis, região serrana do RJ. Mais uma vez consegui através de sua escrita rica em detalhes (sem que sejam dados em excesso ou de forma cansativa), me sentir inserida na história, sentir medo, torcer para alguns acontecimentos e ficar apreensiva em determinadas partes.
Com caminhos que não imaginaríamos, a história vai nos envolvendo e tornando a leitura viciante, ou seja, prepare-se para embarcar em uma leitura que você não vai conseguir largar. Isso só reforça como a escrita do autor é fluída e nos faz devorar o livro com capítulos curtos e finais estrategicamente torturantes, que mexem seriamente com nossa ansiedade.
Avaliação:Semana passada, durante um evento no CCBBRJ, onde Raphael Montes foi um dos convidados para a palestra, ele falou sobre como gosta de escrever sobre psicopatas (e aqui reforço que ele o faz com maestria), e falou da construção da escrita desse livro. Que ele o fez para sabermos o que se passa na cabeça de Téo, mas a cabeça de Clarice seria uma incógnita para o leitor. Devo aqui parabenizar o autor por essa decisão, é angustiante não saber o que ela pensa, as reviravoltas que o livro dá e torna o final ainda mais brilhante.
Apesar de Téo se tornar cada vez mais repugnante e obsessivo, assim como a forma doentia com que ele justifica suas atitudes dissimuladas através do "amor" que pensa sentir por Clarice, você se pega odiando-o, mas entendendo sua forma de pensar e agir. O que só reforça o talento do autor.
Uma das coisas que mais gostei desse livro, é que apesar de Clarice ser a vítima, ela não se coloca no papel de coitada. Você sente pena e empatia pela personagem, mas algumas de suas atitudes são também questionáveis (o que até certo ponto você tenta justificar pelos acontecimentos recentes) e às vezes você até consegue se compadecer de Téo, o que acredite em mim, te faz pensar "meu Deus o que estou fazendo?". Raphael Montes tem esse poder de brincar com a nossa mente e nos colocar em lugares que nunca antes havíamos imaginado.
Sei que muita gente odiou o final desse livro, não faço parte desse grupo...risos. Eu adorei o fim do livro, principalmente pelo gancho final.
Finalizo dizendo que nesse thriller "pé na estrada" e com sotaque carioca, a simbiose entre Téo e Clarice rouba a cena e comprova que a literatura policial tem fôlego para conquistar uma legião de novos leitores e até mesmo alguns dos mais exigentes. Vale a leitura!
Sinopse:
Téo é um solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e examinar cadáveres nas aulas de anatomia. Durante uma festa, ele conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Ela está escrevendo um road movie sobre três amigas que viajam em busca de novas experiências. Obcecado por Clarice, Téo quer dissecar a rebeldia daquela menina.
Começa, então, uma aproximação doentia que o leva a tomar uma atitude extrema. Passando por cenários oníricos, que incluem um chalé em Teresópolis e uma praia deserta em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita, repleta de tortura psicológica e sordidez. O efeito é perturbador. Téo fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas atitudes com uma lógica impecável.
A capacidade do autor de explorar uma psique doentia é impressionante – e o mergulho psicológico não impede que o livro siga um ritmo eletrizante, repleto de surpresas, digno dos melhores thrillers da atualidade. Dias perfeitos é uma história de amor, sequestro e obsessão. Capaz de manter os personagens em tensão permanente e pródigo em diálogos afiados, Raphael Montes reafirma sua vocação para o suspense e se consolida como um grande talento da nova literatura nacional.
Assim, concluímos nossa semana de aniversário, com um especial do autor que inspirou o início do Blog.
Um excelente final de semana e ótimas leituras à todos!
Doces Beijos,
Bianca Valente
Assim, concluímos nossa semana de aniversário, com um especial do autor que inspirou o início do Blog.
Um excelente final de semana e ótimas leituras à todos!
Doces Beijos,
Bianca Valente
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